Almas

De acordo com cada crença, religião, cultura ou ciência ela tem um significado diferente, cada indivíduo pensa na alma de uma forma distinta. Mas algumas questões, são comuns em todas elas: para onde a alma vai quando morremos? O que acontece com ela: simplesmente termina ou tem uma continuação? A alma é o que nos dá ânimo para viver; é o que nos distingue uns dos outros; está na forma como agimos, como pensamos à vida e o que fazemos de bom, e também de ruim às outras pessoas.

Na Grécia Antiga, acreditavam que quando morremos, a alma também deixa de viver.
Para eles, corpo e espírito são apenas um, e após a morte, ambos deixam de existir, já que a alma também vai embora. Era nisso também que Homero acreditava, se analisarem com atenção, ele relata isso varias vezes em seus poemas.

Neles, os personagens não se convenciam de que morrer os levariam a um lugar melhor. Dessa forma, arriscavam suas vidas em batalhas, desistindo de toda sua essência, em nome de sacrifícios impressionantes e heróicos, sabendo que após suas mortes, nada restaria, Suas almas iriam embora.

Mas desde quando as pessoas falam sobre as almas? Arqueólogos da Universidade de Chicago descobriram, na Turquia, que data de 3 mil anos atrás. O dono do objeto, um homem chamado Kuttamuwa, fez um pedido escrito para que todos celebrassem sua vida mortal e sua alma, que passaria a viver dentro do monumento desde seu enterro. O estranho, é que naquela região as pessoas costumavam acreditar que a alma permanecia junto aos ossos após a morte.

E os zumbis? Sim, zumbis! Mas não aqueles mortos vivos de Raccoon City, estou falando dos zumbis do voodoo, que são bem diferentes. A palavra zumbi vem do Suaíle "Nzambi" e significa "Alma"! Na cultura originária dos reinos de Fon e Congo, acredita-se que quando a pessoa morre, seu corpo e sua alma se separam. Se ela morre de forma traumática ou inesperada, o Boko (uma espécie de feiticeiro da cultura Voodoo) toma a sua alma. Uma vez feito isso, ele captura também o corpo, fazendo renascer a matéria para realizar feitos malignos. Ou seja, um zumbi só pertence ao Boko porque tem uma alma.

Você acreditaria se te dissessem que o mundo tem uma alma e existe uma conexão entre ela e todas as coisas vivas, uma ligação permanente entre as almas e a natureza? Não, não estou falando de Avatar. Era o que filósofos gregos (como Platão), a Renascença e várias religiões acreditavam há muitos anos. Essa teoria recebeu o nome de anima mundi (do Latim "Alma do mundo"). Mais tarde, o cristianismo separou tudo o que é munda e espiritual, mas algumas pessoas continuavam a acreditar na alma do mundo, que tinha como símbolo um ovo cósmico, uma divisão entre a antiga religião, mitologia e filosofia. Algumas pessoas acreditam que vem daí a prática de dar ovos de Páscoa, antes mesmo do simbolismo criado pelo cristianismo.

Assim como as diferentes culturas e religiões, a ciência também tinha suas teorias a respeito das almas. Levando em consideração que a alquimia é a ciência da transformação e que todas as almas estavam conectadas a um bem maior (a anima mundi), os alquimistas queriam criar algo que pudesse transformar a própria alma para canalizar e mudar o mundo ao redor. Não só a mudança do corpo, mas também a mudança do interior. Essa teoria afirmava que devemos plantar sementes na alma e, assim como a natureza cultiva o que é plantado em sua terra, devemos imitá-la e abraçar o nosso espírito, orientando o crescimento de tudo o que desejamos. Só assim é que podemos mudar as coisas ao nosso redor, aprendendo a encontrar e cultivar a alma corretamente.

O Midrash (maneira de interpretar histórias bíblicas que vai além de simples destilação de ensinamento religioso, legal ou moral), afirmava que quando alguém espirrava, sua alma estava deixando o corpo. Ele explicava que Jacob orou para que sua alma fosse mantida em seu corpo após um espirro e recebeu a autorização. Então, é por isso que dizemos "saúde" depois que alguém espirra, para manter a alma em seu corpo. Porém, de acordo com a mesma cultura, espirrar é uma coisa boa, pois é sinal que a oração da pessoa foi ouvida e autorizada. A sensação de alívio que o corpo sente após um espirro é reflexo do que a alma sente. Uma crença da Polinésia diz que o espirro é um sinal não de que a alma está saindo, mas sim voltando de onde quer que ela estivesse vagando.

Assim como acontece no budismo, a teologia judaica também ensina que cada alma atravessa uma reencarnação. A Kabbalah nos ensina que existem 613 canais diferentes dentro da alma, cada um deles associado com os membros e os vasos sanguíneos. Portanto, cada atitude que o corpo toma é uma forma de purificar a alma, assim como o oposto também pode acontecer. A alma só pode ser elevada quando todos esses canais estiverem inteiramente purificados através de pensamentos puros, ações e palavras. Em um processo chamado kaneshamot giligul, a alma renasce várias vezes até que todos os canais atinjam o estado de pureza. Todo esse processo é uma reparação pelos pecados cometidos nessa vida.

Você com certeza já ouviu falar nas famosas cabeças encolhidas, se não, ai vai algo interessante. Após trabalhar com os indígenas, o missionário holandês Albert Kruyt pôde consolidar sua teoria, afirmando que algumas tribos guardavam as cabeças de seus inimigos não como uma forma de troféu, mas para poder aprisionar a alma do morto que fica presa nela. Com isso, a vila se torna mais fértil e as culturas mais saldáveis e produtivas. Se uma aldeia não tivesse almas guardadas dentro das cabeças, as plantações iriam morrer, os moradores ficariam doentes e a própria comunidade estaria em declínio. Antropólogos que estudam diferentes culturas não sabem explicar a estranha ligação entre a guarda das cabeças e a fertilidade e prosperidade das vilas, mas garantem que funciona.

Como vimos, a alma é conceituada de diferentes maneiras pelo mundo, separando as crenças pelas religiões e pelo tempo. Mas e você? No que acredita?